DOENÇAS,
PRAGAS E DESORDENS FISIOLÓGICAS
DAS
HORTALIÇAS POR FAMÍLIA BRASSICÁCEAS - CRUCÍCERAS
(Agrião,
Couve Brócoli, Couve Rábano, Couve de Folhas, Couve de
Bruxelas,
Couve-flor, Couve Chinesa, Mostarda, Nabo, Pepino,
Rabanete,
Repolho, Rúcula)
Doenças:
a) Podridão Negra – “Xanthonomas
campestris” - Caracterizando-se por queda prematura dos cotilédones nas
plântulas; em folhas verdadeiras, provoca um amarelecimento em forma de “V” com
vértice voltado para o centro da folha, acompanhando as nervuras, que se
mostram coloridas de pardo a negro; os vasos lenhosos da folha e do caule ficam
enegrecidos, podendo exibir amarelecimento e necrose das folhas; em estágios
mais avançados ocorre enfezamento, murcha, queda prematura das folhas e
finalmente o apodrecimento total da planta. O controle poder ser feito através
das seguintes medidas: a)a rotação de cultura de 1 a 2 anos é suficiente para
eliminar a bactéria do solo; b) os canteiros devem ser feitos em solos não contaminados
e longes de outras crucíferas.
b)Podridão Mole – “Erwinia
carotovora” - Caracteriza-se, geralmente, por manifestar-se na fase final
das culturas, quando as plantas estão no seu desenvolvimento máximo, com
tecidos suculentos. A bactéria causa encharcamento dos tecidos afetados,
seguida de rápida podridão mole, com exudação de líquido fétido devido à
presença de organismos secundários, apresentando limites bem definidos entre as
áreas sadias e afetadas; quando a lesão ocorre no caule, toda a planta exibe
murcha repentina e apodrece rapidamente em 02 a 03 dias. Considerando-se que o
agente causal está presente em praticamente todos os solos, o controle preventivo
é o mais indicado, entre eles estão:
a)escolha da época,
evitando com que a fase de maior suscetibilidade da planta coincida com
períodos quentes e úmidos; b)controle
de insetos
mastigadores, que facilitam a
penetração; c)espaçamento maior, facilitando o arejamento; d)adubação equilibrada entre nitrogênio, fósforo e potássio, e rica
em cálcio e boro; e)rotação de cultura,
visando diminuir o potencial de inóculo do solo; f)controle de doenças, que aumentam a incidência de podridão mole; g)cuidados na colheita, evitando a
colheita de plantas molhadas; h)refrigeração
após a colheita; i) tratamento de solo com Basamid.
c) Hérnia – “Plasmodiophora
brassicae” - Pode afetar as plantas desde o canteiro de semeadura, porém,
não apresenta sintomas na parte aérea. Com o progresso da doença, passa a
exibir enfezamento e murcha nas horas mais quentes do dia, as raízes apresentam
galhas típicas, variando de alguns milímetros até 10 centímetros ou mais,
devido à hipertrofia das células e tecidos. Devido à longevidade do fungo em
solos contaminados, o controle da doença se baseia em medidas preventivas como:
a)rotação de cultura com plantas não
suscetíveis, a hortelã (Menta piperita) favorece a destruição dos
esporos; b)produção de mudas em
áreas não contaminadas; c)cuidado com esterco,
pois o esterco de animais alimentados com plantas doentes, pode ser contaminado
com esporos do fungo; d)aração
profunda dos solos contaminados; e)calagem,
visando elevar o pH até a faixa de 6 a 7; f)fumigação
do solo com formol, Vapam ou Milone; g)tratamento
químico do solo na cova, PCNB, em doses elevadas é eficiente, apesar da dificuldade
de aplicação e custo da operação; h)
outro fungicida de boa eficiência é o Benomyl.
d) Mancha Bacteriana – “Pseudomas
lachrymans” - Caracteriza-se por apresentar manchas pequeninas e angulosas
nas folhas, com centro necrosado de coloração parda ou cinza, que se rompe. Nos
frutos há lesões verde-escuras com exudação de líquido viscoso, seguindo-se de podridão
mole bacteriana, que produz rápida decomposição dos frutos afetados. Temperaturas
muito elevadas e clima chuvoso são favoráveis à incidência da doença. O
controle da Mancha Bacteriana após seu aparecimento no campo é difícil,
portanto algumas medidas são de suma importância, tais como: a)rotação
de cultura, durante dois ou mais anos; b)escolha
da época, evitando-se os períodos muito quentes e úmidos; c)evitar irrigação demasiada;
d)adubação equilibrada, sem excesso de nitrogênio; e)pulverizações com
Oxicloreto de Cobre ou formulações Cupro-orgânicas têm se mostrado bastante
eficientes.
e) Míldio – “Pseudoperonospora
cubensis” - Caracteriza-se por apresentar áreas de tecido encharcado, que
posteriormente, se tornam necróticas e limitadas pelas nervuras, formando manchas
angulares, amareladas, arredondadas ou poligonais na face superior das folhas;
evoluem
rapidamente ocasionando a desfolhação
precoce, e conseqüentemente um retardo no crescimento da planta afetada. São
indicadas algumas medidas especiais de controle, levando em consideração
fatores como:
a)época do plantio,
evitando-se os períodos sujeitos a neblina e temperaturas amenas, que são favoráveis
à incidência da doença; b)escolha do
local, evitando baixadas sujeitas ao acúmulo de ar frio e mal ventiladas; c)espaçamento mais amplo possível,
dentro dos níveis econômicos. O tratamento poderá ser feito com
Perist, Maneb, Zineb, Ferban, Folpet, Clorotalonil, Mancozeb, Captan, Propineb.
f) Mancha de
Alternária –
“Alternaria brassicae” - Caracteriza-se por causar “damping-off”, necrose
do cotilédone e hipocólito, e conseqüentemente, enfezamento das mudas atacadas.
Em plantas desenvolvidas causa lesões no caule e manchas concêntricas pardas,
chegando a atingir 2 centímetros de diâmetro. Nas plantas com flores
(couve-flor), produz necrose compíscua dos primórdios florais e deformações que
as inutilizam para o mercado. Nas síliquas de todas as Crucíferas, as lesões
são necróticas, irregulares, deprimidas, pardo a negras, profundas e de tamanho
variável; as sementes novas atingidas ficam chochas e as maduras são atacadas
interna e externamente e levam o micélio
dormente do fungo. O controle desta doença na fase de produção comercial não
apresenta muita dificuldade, os problemas mais graves são na produção de
sementes, nas quais recomenda-se uma série de medidas, tais como: a)escolha das sementes, eliminando as
chochas e restos de silíquas; b)rotação
de culturas por 02 a 03 anos, com plantas de outras famílias; c)pulverização dos canteiros logo após
a germinação, duas vezes por semana com Maneb ativado, ou Dichlone sempre em
doses fracas, sendo indispensável o uso de um espalhante adesivo junto com o
fungicida.
g) Damping-off e Podridão
do Colo e das Raízes –
Causados por vários fungos – Pode manifestar-se em pré e pós-emergência. Em
pré-emergência, ataca a radícula e o caulículo no início da germinação
provocando sua morte, antes da sua emergência, sendo com isso, confundido com
má germinação da semente. Em pós-emergência, mostra-se na região do colo com um
encharcamento dos tecidos, seguido de afinamento da área atacada, acompanhado
de queda da planta para o lado, com outras partes ainda túrgidas durante um
certo período. No canteiro a doença se manifesta em reboleiras ou ao longo da
linha de semeadura. As plantas podem ser afetadas após o transplante para o
campo, mostrando então, podridão da raiz ou nelamento da região do colo, ocasionando
enfezamento das mesmas. As medidas preventivas são as mais eficazes no controle
do Damping-off, entre elas estão: a)escolha
do local, que deve ser livre de inoculo, áreas elevadas, não sujeitas à
inundação e de solos leves; b)solo
do canteiro, deve ser preparado com antecedência para destruir a matéria orgânica
não decomposta e melhorar a aeração; c)adubação
orgânica, para equilibrar a microflora
e proporcionar maior vigor às plantas,
que escapam da doença por seu rápido desenvolvimento; d)água da irrigação, que deve ser de qualidade e não em exagero; e)a semeadura, que deverá ser em linha,
o mais rala possível; f)tratamento
do solo, que pode ser feito com Vagam, Formol, ou PCNB.
h) Mosaicos - São causados por
diversos vírus patogênicos - Caracterizam-se pelo aparecimento de áreas verde-amareladas
entremeadas com áreas de cor verde normal, enfezamento da planta, folhas
pequenas, anormais, chegando até a necrose total; frutos deformados e com
mosaico. O controle dos Mosaicos poder ser feito preventivamente com o uso de
sementes sadias, evitar o plantio em períodos quentes, favoráveis aos insetos
vetores e após o aparecimento da doença, é recomendado o uso de inseticidas
sistêmicos como Tiofanato Metílico, Benomyl ou Carbendazim.
i) Murcha de Fusarium
– “Fusarium
oxysporum” - Caracteriza-se por amarelecimento das folhas mais velhas,
progredindo para as mais novas, rapidamente, ficando as folhas com cor de ovo e
no início da doença permanecem túrgidas. Os vasos lenhosos do pecíolo das
folhas amareladas ficam pardos e com aparência seca, sendo que esta
descoloração estende-se desde a raiz até o ponteiro. A utilização de variedades
resistentes é a medida de controle mais eficiente e recomendável, sendo que as
demais medidas têm efeito limitado. Temos como medidas de controle que podem auxiliar:
a)rotação de cultura, sendo que o Fusarium
nunca é eliminado por completo; b)calagem
do solo, pode baixar a incidência de Fusarium
em aproximadamente 10%; c)eliminação
de plantas doentes, visando diminuir o inóculo que iria ser incorporado ao solo,
afetando a cultura seguinte; d) tratamento
de solo com Basamid.
j) Oídio – “Erysiphe
polygoni” - Caracteriza-se por apresentar pequenas manchas brancas pulverulentas
na face inferior das folhas e ramos tenros; evoluem tornando-se acinzentadas e posteriormente,
necrosadas, ocasionando a morte das folhas e danificando as flores. A ausência
de chuvas e as altas temperaturas favorecem o aparecimento da doença. O
controle do Oídio pode ser feito através de pulverização com fungicidas como
Tiofanato Metílico, Dimetirimol, Benomyl, Etirimol, Carbendazim, todos
sistêmicos, ou com fungicidas a base de
enxofre, com aplicação em intervalos entre 7 e 15 dias cada, dependendo das
condições ambientais.
l) Manchas com Pontos
– “Mycospharella
brassicicola” - Caracteriza-se por causar lesões iniciais em forma de
pontos irregulares , que vão crescendo e tornando-se circulares, sempre com bordos
definidos. As manchas são pardas exibindo pontos negros, dando ao conjunto um
aspecto zonado, e quando o número de lesões é grande, as folhas caem
prematuramente. Para o controle desta doença, recomenda-se uma série de
medidas, tais como: a)escolha das sementes, eliminando as chochas e
restos de silíquas; b)rotação de culturas por 02 a 03 anos, com plantas de
outras famílias; c)pulverização dos canteiros logo após a germinação, duas
vezes por semana com Maneb ativado, ou Dichlone sempre em doses fracas, sendo
indispensável o uso de um espalhante adesivo junto com o fungicida.
m) Bolor Cinzento – “Botrytis
cinérea” - Caracteriza-se pelo não desenvolvimento das hastes florais e por
apresentar podridão descendente das flores para o tronco da planta. As partes lesionadas
são de cor pardo clara, com podridão úmida ou seca, dependendo das condições, e
recobertas por um crescimento cinza, causado pela frutificação do fungo. A
doença prevalece nos períodos frescos e é de difícil controle. Recomenda-se à
remoção dos órgãos senescentes da cabeça e a aplicação de pulverizações cúpricas
alternadas com tiocarbamatos, na cabeça, em período de florescimento.
n) Nematóides – “Meloidogyne
incógnita” - Caracteriza-se pelo enfezamento das plantas, murcha e
amarelecimento das folhas mais velhas. As raízes das plantas atacadas exibem hipertrofia,
com tamanho e ramificações anormais, aumentando em muito o seu peso. Em casos de
estágio mais avançado, ocorre a destruição do córtex, necrose e radicelas
completamente destruídas. As medidas recomendadas para controle são a rotação
de culturas, cultivares resistentes e uso de nematicidas, além da solarização
do substrato e do solo nos abrigos ou estufas de cultivo.
Pragas:
a) Caruquerê da Couve
– “Ascia
monuste orseis” - Lagarta desfolhadora, que destrói o limbo foliar,
deixando apenas as nervuras. O controle pode ser feito com aplicações de
Atabron, Corsair, Carbaryl, Folidol, Sevin, Mimic,
Dipterex, Tamaron, Decis, Ecotechi-Pro.
b) Lagarta Rosca – “Agrotis ipsilon”
- Corta as plântulas rente ao solo.
O controle pode ser feito com
aplicações de Decis, Sevin, Carbaryl.
c) Lagarta Mede Palmo
– “Trichoplusia
ni” - Lagarta desfolhadora, que destrói o limbo foliar, deixando apenas as
nervuras. O controle pode ser feito com aplicações de Decis, Dimexion, Sevin,
Carbaryl.
d) Pulgões – “Brevicoryne
brassicae”, “Myzus persicae” - Constituem grandes colônias. Pela sucção da
seiva, produzem o engruvinhamento das folhas, em cujo interior se alojam,
favorecendo ainda, o desenvolvimento da fumagina.
O controle pode ser feito com
aplicações de Acefato, Decis, Dimexion, Folidol, Tamaron.
e) Traça – “Plutella
xylostella” - Alimenta-se da parte externa ou interna das folhas,
inutilizandoas para o consumo. O controle pode ser feito com aplicações de
Carbaryl, Corsair, Dimexion, Folidol, Nuvacron,
Tamaron, Eccotechi, Decis.
f) Mosca Branca – “Bemisia tabaci”
- São insetos sugadores de seiva e transmissores de viroses. O controle
pode ser feito com aplicações de Methamidophós.
g) Tripes – “Thrips tabaci”,
“Thrips palmi” - Causam lesões de brilho prateado nas folhas e frutos. São
vetores de vírus.
O controle pode ser feito com
aplicações de Confidor.
Desordens
Fisiológicas:
a) Necroses marginais
das folhas internas e externas do repolho – Causadas por longo período de seca
e/ou deficiência de Cálcio. O controle/tratamento pode ser feito
através da correção de solo, aplicações foliares com Calbit B na fase de mudas
e depois de transplantadas, e procurar manter a uniformidade da umidade.
b) Rachadura do
repolho –
Causada por Stress hídrico e após o ponto ideal de colheita, pode ocorrer o
rachamento da cabeça. O controle/tratamento pode ser feito através do controle
de excesso de umidade e da colheita no “ponto certo”.
c) Deficiências
Nutricionais:
* Molibdênio - desenvolvimento
normal da nervura central, porém crescimento irregular do limbo foliar;
* Boro: Causa necrose interna
do caule em rabanete – rachadura nos tubérculos.
* Cálcio: deformação das folhas
novas, clorose, morte dos pontos de crescimento.
O controle/tratamento pode ser feito
através de aplicações foliares com Molibion e Calbit B para cálcio e boro,
fazer boa calagem e Evitar excesso de Potássio e adubos amoniacais.
d) Flor Arroxeada
(Antocianina) -
Ocorre no plantio de cultivares no período não adequado e quando há oscilação
brusca de temperatura. O controle/tratamento pode ser feito
através da escolha correta de cultivares recomendadas para a época e região de
plantio.
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