quarta-feira, 18 de maio de 2016

ABACAXI INFLUÊNCIA DE FATORES PRÉ-COLHEIT

A qualidade final do fruto depende em grande parte da tecnologia utilizada na précolheita, colheita e pós-colheita; porém, é necessário enfatizar que os métodos empregados nas duas últimas fases não melhoram a qualidade da fruta, mas retardam o processo de senescência, garantindo conservação mais apropriada e, conseqüentemente, oferecendo um tempo de comercialização mais prolongado.

Os principais fatores pré-colheita que podem exercer influência na qualidade do abacaxi são apresentados a seguir.

Nutrição mineral

O potássio, maior responsável pela qualidade do abacaxi, é também o nutriente mais exigido em termos de quantidade, seguido pelo nitrogênio, cálcio, magnésio, enxofre e fósforo. Os micronutrientes obedecem à seguinte ordem decrescente de exigência: ferro, manganês, zinco, boro, cobre e molibdênio.

Quando apresentam quantidades deficientes de nitrogênio, seus frutos são pequenos, deformados e muito doces, ao passo que o excesso desse elemento provoca, sobretudo, a diminuição da acidez titulável e uma fragilidade da polpa, aumentando os riscos da anomalia verde-maduro (jaune) , que se caracteriza por uma polpa amarela e translúcida, e a casca verde. A acentuada fragilidade da polpa torna-os impróprios para exportação. Também a época de aplicação e a forma disponível do elemento podem exercer influências sobre o fruto. Tem-se observado o alongamento do pedúnculo do abacaxi devido ao excesso de nitrogênio, o que acarreta o tombamento do fruto e a sua depreciação. A colocação do adubo nitrogenado logo após a diferenciação floral não surte efeito sobre a qualidade do fruto, mas quando aplicado nos dois meses seguintes, podem-se obter maior peso do fruto e diminuição da acidez, sobretudo, quando o suprimento do elemento na fase vegetativa foi insuficiente. Quanto à forma, os nitratos apresentam a tendência de diminuir a acidez e antecipar a colheita dos frutos.

O fósforo melhora a qualidade dos frutos, aumentando-lhes o teor de vitamina C, a firmeza da polpa e o seu tamanho. A deficiência de fósforo acarreta a formação de frutos pequenos, com coloração avermelhada ou arroxeada. O excesso causa a diminuição dos açúcares e da acidez, com perda de sabor. Mas, como o fósforo intervém na assimilação do K, a aplicação dos adubos fosfatados em solos deficientes desse elemento proporciona efeito inverso ao citado.

O potássio aumenta o teor de sólidos solúveis totais e a acidez, aumentando, também, o peso médio e o diâmetro do fruto. O excesso de K acarreta a formação de frutos muitos ácidos, com miolo muito desenvolvido, polpa pálida e enrijecida, enquanto que, na deficiência desse nutriente, a maturação do fruto é tardia e incompleta, ficando sua parte superior sem amadurecer.

Se por um lado, o aumento do nível de potássio na planta proporciona melhor sabor e aroma dos frutos, além de aumentar o diâmetro do pedúnculo, evitando, com isso, o tombamento; por outro lado, o rendimento em fatia é reduzido pelo aumento do eixo da inflorescência. Ocorrem ainda melhor coloração da casca e o clareamento da polpa. Contudo, os efeitos mais surpreendentes desse elemento verificam-se sobre o estrato seco e na acidez do fruto, que aumenta com as doses crescentes de potássio.

O potássio eleva o teor de ácido ascórbico que reduz as quinonas produzidas pela oxidação enzimática, convertendo-se em ácido de hidroascórbico e atuando como inibidor da atividade da enzima polifenoloxidase, responsável pelo escurecimento interno da polpa. Esse escurecimento interno é um distúrbio fisiológico importante no abacaxi, induzido por baixas temperaturas, ocasionando depreciação do produto, sobretudo daquele destinado à exportação, tendo em vista a necessidade da frigoconservação. Os efeitos de fontes e níveis crescentes de potássio nos teores de acidez e ácido ascórbico dos frutos têm sido demonstrados por vários autores. Na Côte d’Ivoire, tem-se aplicado cloreto de potássio antes da indução floral, para minimizar o problema de escurecimento interno. Enfim, a ação do potássio e dos cátions sobre o rendimento converge para a melhoria da qualidade. Os níveis foliares de K devem sempre ser superiores ao nível crítico do rendimento para assegurar a qualidade do fruto no que diz respeito ao aroma, ao sabor, à resistência ao armazenamento e ao transporte. Entretanto, em condições climáticas quentes e úmidas, há necessidade de maiores cuidados sobre a nutrição potássica, em particular na relação com o N, para que sejam obtidos frutos de qualidade comercial. Nesse caso, a relação K/N na folha D no momento da indução floral deve ser pelo menos igual a 3. Em casos de carência desse elemento, os frutos apresentam-se pequenos, com baixo aroma e acidez.

O cálcio e o magnésio podem exercer influência sobre o aroma dos frutos. Também há relatos de que suprimentos adequados de cálcio podem diminuir a incidência da mancha-negra-do-fruto ou tâches noires, causada principalmente pelo patógeno Penicillium funiculosum, em razão da sua ação na resistência da parede celular. Na deficiência de cálcio, os frutos ficam com aparência gelatinosa e com ausência de cor; além disso, a frutificação ocorre de forma prematura. As desordens fisiológicas também podem ser reduzidas com o aumento do teor de cálcio no fruto. O teor médio de cálcio no fruto é de 0,07% a 0,16%. A deficiência de magnésio tem um efeito depressivo bem nítido sobre o teor de açúcares na polpa. Porém, o suprimento de magnésio é mais importante sobre a coloração do fruto do que o de cálcio.

De acordo com relatos e trabalhos executados pelo Prof. Charles Robbs, fitopatologista de larga experiência, é importante para a resistência dos frutos à fusariose Gibberella fujikuroi var. subglutinans, verificar o equilíbrio nutricional da planta na época da formação do fruto. Para o abacaxi, por exemplo, é indispensável manter-se a relação K2O:MgO em torno de 7:1, o que permite uma boa resistência ao patógeno.

O enxofre é responsável pelo equilíbrio entre a acidez e os açúcares no fruto dando-lhe sabor. A deficiência desse elemento, além de prejudicar as propriedades gustativas, faz os frutos ficarem pequenos, ocorrendo o amadurecimento do ápice para a base, o que deixa o fruto com um buraco central.

Entre os micronutrientes, os que exercem maior influência na frutificação do abacaxizeiro são o boro, o ferro e o zinco. Na deficiência de boro, os frutos ficam pequenos, com coroas múltiplas e acentuada separação dos frutilhos. Deficiência de ferro provoca a cor avermelhada do fruto, com coroa clorótica e possível adiantamento da maturação; excesso de ferro pode causar a translucidez da polpa. O pescoçotorto (crookneck), que é o curvamento da parte apical do fruto, aparece devido à deficiência combinada de cobre e cálcio em solos turfosos ou arenosos. A rachadura (cracking) aparece por causa da deficiência de boro ou aplicação de nitrogênio no final do período de formação do fruto.

Densidade de plantio

Aumentando-se a densidade de plantio, consegue-se aumentar o número de frutos produzidos por área cultivada, mas o tamanho diminui a partir de um certo limite, chegando a perda de peso de 70 g a 140 g por cada aumento de 10.000 plantas/ha no caso da cultivar Smooth Cayenne. É preciso, portanto, adequar a densidade de plantio à finalidade da cultura, mas mesmo quando o objetivo é a produção de frutos menores (por exemplo, abacaxis Smooth Cayenne com peso de 1 kg a 1,5 kg, para fins de exportação) pode-se aumentar a população de plantas, por meio da redução nos espaçamentos nas entrelinhas e entre as plantas na linha. Não é recomendado o uso de densidades superiores a 60.000 a 70.000 plantas por hectare (não se considerando as perdas com carreadores), pois aumentam muito a heterogeneidade do tamanho dos frutos, uma vez que existe maior concorrência entre as plantas, principalmente com relação à água, à luminosidade e aos nutrientes.

O aumento da densidade de plantas, muitas vezes, tende a alongar o pedúnculo do fruto, propiciando o seu tombamento, com conseqüente exposição aos raios solares. A maturação dos frutos é, habitualmente, retardada em altas densidades de plantio.

Condições climáticas

O clima reflete sobre a produção, tanto sob o aspecto quantitativo quanto qualitativo, e também na duração do período de maturação. Devido a diferenças climáticas, até dentro de uma mesma cultivar e sob idênticas condições de cultivo, o fruto pode apresentar grandes variações na sua composição química.

As condições climáticas durante o cultivo têm papel preponderante nos teores de açúcares. Frutos que iniciam seu desenvolvimento no final do verão, ou seja, quando a temperatura é elevada, tendem a ser de tamanho grande, porém com teores de sólidos solúveis baixos, uma vez que o amadurecimento ocorre durante o inverno. Ao contrário, quando o desenvolvimento dos frutos inicia-se no inverno, eles tendem a ser menores, pois a maturação ocorre na primavera e início do verão, mas como a luminosidade é alta, há produção mais intensa de sólidos solúveis totais (açúcares).
Devem ser ressaltados também os seguintes fatores detrimentais aos sólidos solúveis dos frutos:

a) intensidade de luminosidade reduzida durante o inverno ou períodos nublados;

b) no caso de frutos muito grandes em relação ao tamanho das plantas ou da área foliar exposta, a planta terá menores teores de fotossintetizados, o que prejudicará a síntese de sólidos solúveis;

c) o sombreamento, entre as plantas ou por árvores, reduz a atividade fotossintética e, conseqüentemente, o teor de sólidos solúveis dos frutos;

d) plantas com alto suprimento de água tendem a produzir frutos com baixos teores de sólidos solúveis totais em decorrência do efeito da diluição.

Insolação direta elevada pode provocar queimaduras de maior ou menor gravidade: apenas uma descoloração da polpa ou até alteração grave que podem torná-la translúcida, e, às vezes, negra, além da deformação dos frutos, impossibilitando a sua comercialização.

Quando o déficit hídrico acentuado coincide com período de diferenciação floral, há diminuição do tamanho dos frutos e a polpa torna-se muito alveolada ou porosa (cheia de cavidades). Em contrapartida, chuvas em excesso também são prejudiciais à textura da polpa, fazendo com que os frutos fiquem mais vulneráveis ao ataque de doenças.

O aparecimento de trincas na casca dos frutos geralmente está relacionado com oscilações de temperatura, insolação e umidade, na época da maturação. Essas trincas constituem portas de entrada para pragas e doenças.

A anomalia denominada como fasciação (frutos com forma de leque e coroa múltipla) - muito comum na cultivar Smooth Cayenne - ocorre com mais intensidade quando a diferenciação floral coincide com horas mais quentes do dia. Esse tipo de fruto não é aceito no mercado, tendo em vista a sua aparência e o comprometimento da polpa pelo excessivo desenvolvimento do cilindro central.

Irrigação

O abacaxizeiro é uma planta de baixa taxa de transpiração, o que lhe confere alta eficiência no uso da água. No entanto, mesmo com essa particularidade, se a água disponível for limitada, há queda na produção, baixa qualidade e desuniformidade dos frutos.

A irrigação vem sendo utilizada na cultura do abacaxizeiro com bastante sucesso. Entre as vantagens apresentadas citam-se aumento da produção, frutos mais uniformes e colocação do produto no mercado nas épocas de menor oferta.

A irrigação pode ser aplicada à cultura do abacaxizeiro durante todo o seu ciclo, ressaltando-se que o período crítico está na fase da floração à colheita, uma vez que um déficit hídrico nessa ocasião pode acarretar quedas no peso que variam de 250 g/fruto a 300 g/fruto.

A irrigação bem manejada na fase de frutificação contribuirá para o aumento do peso médio dos frutos, tendo sido observados aumentos de 300 g/fruto a 700 g/fruto. É recomendável suspender as irrigações em torno de dez dias antes da colheita, para evitar queda dos sólidos solúveis totais.

A resposta da cultura do abacaxizeiro à água mostra que as alternâncias do regime hídrico são de alto risco e, provavelmente, comprometerão toda a produção, caso não haja irrigação suplementar. A homogeneidade da cultura após o fornecimento de água mostra uma influência notável nos rendimentos.

Resíduos de agrotóxicos

A segurança é o atributo de qualidade mais desejável nos alimentos, os quais devem estar livres de qualquer substância química natural ou contaminante, que pode comprometer a saúde do consumidor. A atual tendência da preferência do consumidor por produtos orgânicos leva à maior redução do uso de defensivos agrícolas. O mercado internacional está monitorando cada vez mais os níveis de resíduos de defensivos agrícolas e, se não for adotado um sistema integrado de controle de pragas e doenças, isso pode tornar-se uma séria barreira comercial para a exportação de nossas frutas, o que poderá também ocorrer no mercado interno, em decorrência das divulgações feitas pelos principais meios de comunicação à população, pelo uso indiscriminado de defensivos nos pomares frutícolas.

Uma avaliação dos níveis residuais de agrotóxicos capaz de fornecer dados sobre os contaminantes no produto constitui uma ferramenta extremamente importante para referenciar os produtores quanto às boas práticas agrícolas e aos níveis de agroquímicos permitidos. Isto permitirá que medidas preventivas e de controle possam ser adotadas antes que resíduos desses contaminantes químicos afetem o meio ambiente e asaúde da população ou causem graves perdas econômicas. Atualmente, porém, o número de laboratórios capacitados para este fim no Brasil é ainda insuficiente, demonstrando a importância de concentrarem esforços na pesquisa a fim de subsidiar esses tipos de informações.


Os produtos cujos tramites estão com CLX ( Limites Máximos do Codex) indicam que neles já estão definidos os LMRs (Limites Máximos de Resíduos) respectivos.

É importante salientar que a comercialização, o uso e a distribuição do heptacloro, que faz parte do grupo de organoclorados, considerados comprovadamente de alta persistência e/ou periculosidade, foram proibidos em todo o território nacional, por meio do Decreto n.º 24.114 de 12 de abril de 1934, entrando em vigor na data da publicação da Portaria de n.º 329 de 2 de setembro de 1985.

As normas internacionais de frutas e hortaliças frescas são definidas pelo Comitê do Codex Alimentarius referente às Frutas e Hortaliças Frescas, criado pela Organização para Cooperação Econômica e Desenvolvimento (OCDE), sediado no México e composto por membros de países importadores e exportadores desses produtos. Para o abacaxi, a última proposta apresentada por esse comitê, com participação de representante do Brasil, foi a seguinte:

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